Procura adaptar o modelo das Ciências Naturais à
investigação das CSH, através de uma metodologia de cariz quantitativo.
A investigação em CSH seguiu este paradigma e do
pós-positivismo, o seu sucessor, impulsionados pelas ideias “positivistas”, tão
em voga no séc. XIX, baseadas no pensamento de Augusto Comte, que defendia a
primazia do estádio positivo do conhecimento baseado na observação.
Esta forma de ver o mundo, apoiada numa ontologia
realista (pretendia-se descobrir como as coisas são e como trabalham mesmo,
procurando, como fim último, prever e controlar os fenómenos) encontrou na
metodologia experimental o instrumento mais eficaz para a sua concretização.
Então, o investigador deve equacionar hipóteses e submetê-las à confrontação
empírica (falsificação) sob rigoroso controlo experimental.
Neste sentido, aceitamos uma orientação nomotética
para a investigação em CSH, em que o conhecimento se questiona por hipóteses
causais e estatisticamente comprovadas.
“As hipóteses confirmadas podem generalizar-se a
outras populações ou a situações similares às estudadas. Pressupõe a existência
de relações simples entre os termos e conceitos técnicos do investigador, as
operações de investigação, as descobertas e as conclusões de investigação.
Considera-se sobretudo que a investigação social oferece os meios de criar
provas objetivas para evitar a subjetividade e os juízos de valor.”
Bible e Bramble (1986, citados em Pacheco, 1993, p.
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Para os defensores da teoria positivista, a Teoria é
fundamental; na base de uma investigação está sempre uma teoria que a orienta,
sendo que muitas vezes a investigação científica limita-se a comprovar essa
mesma teoria.
O movimento do
positivismo lógico (neopositivismo), nasce no séc. XX e integra, além de
Augusto Comte, várias figuras, naquele que ficou conhecido como o Círculo de
Viena.
Para estes, também, só o método científico dava
garantias de obtenção do conhecimento mais objetivo possível. A objetividade é
a palavra forte na epistemologia objetivista que está na base deste paradigma.
Esta epistemologia levou a um paradigma que enfatiza:
- o determinismo (há uma verdade que pode ser descoberta);
- a racionalidade (não podem existir explicações contraditórias);
- a impessoalidade (tanto mais objetivos e menos subjetivos melhor);
- previsão (o fim da investigação é encontrar generalizações capazes de controlar e prever os fenómenos;
- uma certa irreflexividade (na medida em que faz depender a validade dos resultados de uma correta aplicação de métodos esquecendo o processo de investigação em si).
O domínio da epistemologia
positivista/objetivista teve consequências na investigação em CSH a dois
níveis:
- foi dada importância à produção de conhecimento baseada na descoberta de factos e formulação de teorias visando a generalização;
- foram adotadas uma linguagem, metodologia e técnicas de medida e quantificação próprias das ciências naturais, que em muitos setores da comunidade científica são os únicos considerados válidos e aceites para investigação em CSH.
Adaptado de Coutinho, C. (2015). Metodologia de investigação em ciências sociais e humanas: Teoria e Prática. Coimbra: Almedina.
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